segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Há pouco mais de 4 anos...

A paisagem é bucólica, insípida e verdejante. Ermenegildo está olhando para o horizonte, com seus belos olhos cor de pitanga cheios de lágrimas. Lembranças de sua família, seus amigos, suas paixões... Subitamente sua tez alva como o leite da mais nobre vaca, se enrubece. Ele sente uma movimentação incomum, porém familiar, em seu interior, produto da síndrome do intestino irritável e do saboroso almoço mexicano.

Neste instante, o intestino começa o árduo trabalho para expelir os gases indesejáveis de sua área. Através de incessantes movimentos peristálticos, pequenas contrações internas são notadas. Os músculos da região anal lutam para impedir que tais gases sejam imediatamente expelidos, esperando que, ao negar a saída, os mesmos desistam e se dissipam corpo adentro. No entanto, o controlador do reto desconhece que, por possuir uma forma curva, o intestino não permite a devolução dos gases já descartados. Em sua face, Ermenegildo entrega sua vergonha com relação às suas condições patogênicas que favorecem a flatulência excessiva. Mas ele resiste bravamente ao inevitável. Após exatos trinta segundos, o flato explode na atmosfera, com aquele barulho inconfundível, seguido do cheiro característico de enxofre. Subitamente, ele deseja que as condições climáticas e atmosféricas dissolvam rapidamente os gases expelidos, porém isto não ocorre.

Ermenegildo, envolto em sua núvem flática recém-nascida, olha com surpresa para o horizonte. Uma belíssima mulher, nua e à cavalo, se aproxima dele em alta velocidade. Em questão de segundos ela chega até ele, sorridente e disposta. A bela moça respira fundo e percebe o que aconteceu. Olha surpresa para o cavalo. Ermenegildo prende a respiração e começa a rir internamente. Mas também não consegue segurar. Explode em uma gargalhada misturada à lágrimas, que o deixa roxo e quase sufocado. A face surpresa da moça revela na sequência um grande sorriso, seguido de uma frase que ele não esperava ouvir, mas que era inevitável:

"Você peidou?"

Ele apenas faz um sinal positivo e a pega pelos braços. Seguem para a pequena casa campestre, onde poderão fritar nuggets em óleo de canola e tomar seu milk-shake de yakult com banana.

Maria Carolina, 23 de janeiro de 2004.

2 Responses:

Anônimo disse...

Primeiro de muitos.... E se fosse seu leitor a quatro anos atrás? E se o Ermenegildo não tivesse peidado? Beijos!

Maria Carolina disse...

É uma pena que você não era meu leitor em 2004! Preciso continuar a saga do Ermenegildo...