segunda-feira, 3 de março de 2008

Diferenças

Eu sou diferente.

Mas não diferente como vocês pensam. Eu sou realmente diferente.

Quando eu era pequena, meu maior sonho era ser igual. Igual à todas as outras crianças da escola, da família, de casa. Desde muito nova eu já tinha a mais perfeita noção de que era bem diferente.

Por muitos e muitos anos tentei ser igual. Tentei gostar das coisas que as crianças gostam. Gostei de algumas, fingi que gostava de outras. Fazia provas na escola e propositalmente errava algumas questões para não ficar conhecida como a nerd que só tira 10. E assim segui da minha infância até a adolescência: uma diferente que queria ser igual.

E assim fui, recém-chegada aos 17 anos, para a faculdade pela primeira vez. Fiz uma péssima escolha de curso e de universidade. E continuei na minha eterna busca para ser igual: tentando ser idêntica aos meus agora barbados colegas, eu fui realmente diferente. E diferentemente do que todos esperavam, o resultado não saiu igual: eu bombei o meu primeiro ano de faculdade. Por puro relaxo e descaso, e não por falta de conhecimento, que eu insistia em esconder para não parecer... diferente.

Este foi apenas o começo da minha saga universitária, que pode comparada apenas à da minha prima Bruna. A vida universitária merece um post à parte, que farei em muito breve.

Passei muitos e muitos anos tentando ser igual. Obviamente, sem sucesso algum. Foi quase aos 30, sim senhores, que eu entendi que pode ser bem legal ser diferente. Na verdade, eu aprendi com alguma dificuldade que eu não quero ser igual à nenhuma daquelas pessoas que eu julgava bons espelhos. Precisei apanhar muito para aprender, precisei que uma doença se manifestasse e quase me destruísse para que eu entendesse que é normal ser diferente.

Eu sou normal.

Mas não normal como vocês pensam. Eu sou realmente normal.

Aproveitando a minha atual normalidade, eu comemoro muito o fato de ser usada como referência por várias pessoas. Referência de conhecimento. Sou inteligente, acumulei conhecimento suficiente para ser respeitada. E agora sou. E todas estas pessoas que me admiram por minha capacidade sempre me falam: Você é bem diferente.

É. Eu sou...

Eu sou o tipo de mulher que pede para o namorado comprar na banca uma edição de "Mente e Cérebro", publicado pela Scientific American e ignora totalmente todas as edições existentes de Nova, Caras, Cláudia...

Eu sou a menina que desbloqueia iPhones em churrascos.

Eu sou aquela pessoa que faz testes de vulnerabilidade em eventos musicais.

Não importa o meu tipo clínico. O que importa é que sou diferente. E me sinto bem normal em ser diferente.

E não, este post não vai terminar com um clichê. Eu NÃO vou escrever VIVA A DIFERENÇA! Não vou mesmo...

1 Responses (Leave a Comment):

Anônimo disse...

same shit, different parents